Você sabe os Mitos e as Verdades sobre Proteção Solar? Descubra como cuidar da sua pele com Dra. Paula
Muito se fala sobre como cuidar da pele, mas a verdade é que existem mitos e verdades quando o assunto é proteção solar. Em meio a tantas informações que circulam por aí, fica difícil saber quais cuidados realmente fazem diferença para a saúde. Pensando nisso, para esclarecer as dúvidas mais comuns e ajudar você a se proteger da maneira certa, conversamos com a Dra. Paula, dermatologista, que trouxe insights valiosos sobre o tema.
1) Dias nublados dispensam o uso de protetor solar ou a radiação ultravioleta continua sendo uma ameaça invisível?
Mito. A radiação ultravioleta (RUV) não faz parte do espectro de luz visível e, por isso, mesmo em dias nublados é sempre importante avaliar o índice de radiação ultravioleta. Esse índice pode ser checado na internet, ou no próprio aplicativo de tempo de celulares, por exemplo. Índices maiores ou iguais a 3 já são considerados altos e, portanto, nesses casos, o protetor solar está indicado para evitar queimaduras e acúmulo de dano ao material genético da pele, que a longo prazo pode levar ao surgimento de neoplasias.
2) A pele negra está realmente imune aos danos causados pela radiação solar?
Mito. A pele negra tem uma maior quantidade de melanina, que oferece uma certa proteção natural contra os danos causados pelos raios ultravioleta. A melanina ajuda a absorver a radiação UV, reduzindo o risco de queimaduras solares e câncer de pele em comparação com pessoas de pele mais clara. No entanto, isso não significa que a pele negra seja imune aos danos causados pelo sol.
Embora a proteção natural seja maior, a exposição excessiva ao sol ainda pode causar danos a longo prazo, como envelhecimento precoce, manchas e aumento do risco de câncer de pele. Além disso, o câncer de pele em pessoas de pele negra pode ser mais difícil de detectar, já que as manchas podem aparecer de forma e cor diferentes.
Portanto, é essencial que todas as pessoas, independentemente do tom de pele, usem protetor solar regularmente e tomem precauções adequadas para proteger a pele dos danos solares.
3) Protetores solares com FPS 50 ou mais realmente oferecem uma proteção muito superior aos de FPS menores?
Verdade. Para explicar essa dúvida, primeiro precisamos entender o que é o fator de proteção: o FPS corresponde a uma divisão matemática entre a quantidade de UVB (faixa de radiação ultravioleta) necessária para queimar a pele com o uso do protetor, sobre a quantidade de UVB necessária para queimar a pele, sem o uso do protetor; ou seja, quantas vezes um indivíduo está mais protegido da queimadura solar com o uso do protetor solar.
Os protetores solares do tipo químico irão absorver a radiação ultravioleta para proteger a pele dos seus danos. A partir do FPS 30, essa taxa de absorção já é extremamente alta, sendo que com FPS 30, o produto absorve cerca de 96,67% da radiação, e o FPS 60, 98,33%. Apesar da diferença parecer pequena, devemos nos atentar a alguns pontos:
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Primeiro, na prática, a quantidade de radiação ultravioleta que não é bloqueada pelo protetor com FPS 30, apesar de pequena, é o dobro do que passa para a pele com FPS 60. Como a quantidade de radiação ultravioleta necessária para causar o câncer de pele, que é a principal indicação do protetor solar, é menor do que a necessária para causar a vermelhidão da pele - critério utilizado no FPS -, diminuir pela metade a quantidade de radiação que acumulamos na pele diariamente ao longo dos anos, a longo prazo, é significativo para a saúde.
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Em segundo lugar, a quantidade e frequência de protetor solar que aplicamos na pele na vida real, geralmente é 30 a 50% menor do que a utilizada no cálculo do FPS. A consequência disso é que estamos muito menos protegidos do que imaginamos.
Concluindo, por essas razões indica-se o uso de FPS mais alto, principalmente em situações nas quais o seu efeito sofrerá a influência de outros fatores, como suor, esportes na água, cor de pele mais clara e tendência pessoal para desenvolver câncer de pele.
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4) Ambientes internos, como escritórios e residências, também representam um risco para a saúde da pele devido à exposição à luz visível?
Verdade. Embora a radiação ultravioleta (UV) seja o principal fator de risco para o câncer de pele, estudos sugerem que a luz visível (400 a 760 nm) também pode causar danos à pele, especialmente em indivíduos com pele mais escura. A luz visível pode gerar radicais livres de oxigênio e nitrogênio, e processo inflamatório, contribuindo para danos cutâneos e alterações pigmentares, particularmente em pessoas com pele de fototipos mais altos.
Acredita-se que a pigmentação causada pela luz visível seja mediada pela faixa de comprimentos de onda mais curtos de luz visível (ou seja, luz azul), que estimula a formação de melanina nas células especializadas, chamadas melanócitos, e ativação sustentada de uma enzima que participa do processo de formação da melanina, chamada tirosinase.
Portanto, enquanto a luz visível não é tão fortemente associada ao câncer de pele quanto a radiação UV, ela pode contribuir para danos cutâneos, sendo as medidas de proteção aconselhadas para todos os tipos de pele. Isso inclui o uso de protetores solares que oferecem proteção contra a luz visível, além da proteção UV, especialmente para aqueles indivíduos com pele mais escura, que podem ser mais suscetíveis a alterações pigmentares induzidas pela luz visível.
Além disso, a proximidade com janelas ou pequenas exposições como caminhadas ao ar livre no almoço podem contribuir para o acúmulo de radiação ultravioleta a longo prazo nesses ambientes.
5) Maquiagens com FPS são suficientes para proteger a pele, ou é necessário complementar com protetor solar tradicional?
Mito. Maquiagens contendo fator de proteção solar (FPS) apresentam uma proteção extra contra a radiação ultravioleta, mas não podem ser utilizadas como produto principal por alguns motivos. Primeiramente, a maioria das maquiagens contém um FPS inferior a 30, que é o mínimo que indicamos para uso no dia-a-dia. Em segundo lugar, para atingirmos o nível de proteção proposto pelo FPS descrito na embalagem do produto, é necessário que se aplique uma quantidade significativa do produto, de cerca de 2mg/cm2 de pele. Quando aplicamos maquiagem, geralmente tendemos a aplicar quantidades menores por conta do pigmento, levando então a um FPS abaixo do proposto pelo produto. Para pessoas que desejam o efeito maquiagem, o recomendado seria o uso de protetor solar com cor ou o uso de protetor solar com FPS maior que 30, seguido da maquiagem de preferência.
6) É importante que especialistas recomendem fórmulas específicas para crianças, e quais os riscos de usar protetores solares inadequados para elas?
Verdade. A pele da criança é uma pele imatura, que termina seu amadurecimento nos primeiros anos de vida. Como consequência, ela é mais permeável, fina e, portanto, têm dificuldade em manter sua função de barreira. Após os 3 a 5 anos, essa pele tende a ficar mais parecida com a do adulto.
Por isso, principalmente nessa faixa etária inicial, a pele tem maior risco, não só de absorver com maior facilidade os produtos tópicos, mas também de apresentar dermatites de contato por irritação ou alergia aos produtos. Daí a importância de usar produtos específicos para essa faixa etária, com menor quantidade de agressores, produtos hipoalergênicos, com pH adequado ao da pele e sem cheiro e cor. Além disso, a cosmética e a forma de aplicação influenciam também na aceitação da criança ao produto.
Falando em específico sobre proteção solar, abaixo dos 6 meses de idade, devemos focar principalmente na proteção solar física, evitando exposição direta da criança à radiação solar e utilizando-se roupas e chapéus para proteção.
7) A luz visível emitida por telas de dispositivos eletrônicos é capaz de causar manchas ou acelerar o envelhecimento da pele?
Mito. Conforme falamos acima, a literatura médica atual sugere que a luz azul emitida por dispositivos eletrônicos pode induzir estresse oxidativo na pele, que é um mecanismo conhecido de envelhecimento cutâneo. No entanto, a intensidade e a dose de luz azul emitida por dispositivos eletrônicos são significativamente menores do que aquelas provenientes da luz solar, o que levanta dúvidas sobre a relevância clínica desses efeitos em condições de uso diário.
Além disso, esse tipo de luz pode potencialmente aumentar a síntese de melanina, o que poderia contribuir para o surgimento e piora de manchas. No entanto, a evidência atual não classifica a exposição à luz azul de dispositivos eletrônicos como um risco significativo para o fotoenvelhecimento da pele.
8) Os protetores solares em pó, cada vez mais populares, são realmente eficazes ou apenas complementam a proteção de outros produtos?
Mito. Como a cobertura do pó não é uniforme ou espessa, os protetores solares em pó devem ser considerados como auxiliares, não como o produto principal para a proteção da pele contra a radiação. Eles são interessantes, por exemplo, para retoque de proteção em pessoas que usam maquiagem sobre o protetor e não desejam remover a maquiagem para uma nova aplicação, ou pessoas que não tem como higienizar o rosto para reaplicar o protetor. Outra opção na mesma linha seriam os protetores solares em bruma.
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